A cidade portuguesa de Setúbal acolheu, de 5 a 12 de setembro de 1998, a 10.ª edição das Olimpíadas Internacionais de Informática.
A coordenação do evento nacional esteve a cargo de Alexandre Cerveira, num ano em que participaram alunos vindos de 68 países. O Comité Científico foi liderado por Rui Gustavo Crespo, do Instituto Superior Técnico.
Fernanda Pedro, à altura vice-presidente da Associação Portuguesa de Informática, integrou a organização desse ano das IOI e recordou à APDSI como foi a experiência.
APDSI – Que memórias guarda das Olimpíadas da Informática 1998?
Fernanda Pedro – O desafio colocado para a organização foi enorme. Garantir que países com quem Portugal não tinha relações diplomáticas poderiam participar, foi uma odisseia. E que não havia problemas entre países com relações “difíceis”. O contacto com Embaixadas, Consulados e Ministério dos Negócios Estrangeiros, uma constante. Fazer um jantar com os leaders de cada delegação, sem ferir susceptibilidades e de agrado geral, um desafio. Criar o ambiente de competição (no Politécnico de Setúbal) e treino (em Tróia), garantindo que cerca de 260 computadores funcionavam e acediam aos servidores (o wifi estava longe), uma loucura. Garantir que camisolas, bonés, papel timbrado e restante material promocional estava pronto a tempo e com a qualidade pretendida… Criar o ambiente em Tróia em torres que só anos depois foram recuperadas, um exercício de imaginação. Garantir meios de emergência em Tróia e em Setúbal. Encontrar uma equipa de cerca de 70 jovens, para acompanharem as equipas e esperar que entrosassem e ficassem amigos, um divertimento! Não perder mais de 200 pessoas na EXPO! E encaminhar um autocarro para Tróia (que já ia a caminho de Évora, de madrugada, sabe-se lá porquê!). Ter uma Base de Dados com toda a informação relevante de cada participante (aluno, professor, observador, equipa, apoios, etc., incluindo contactos de emergência, etc.), uma tarefa interessante. Muito bom e acabámos com a sensação de “Bom Trabalho”. E alguns mal-entendidos, claro! Era necessário emitir um certificado por participante, independentemente da forma como participava e se obteve ou não medalhas. Como este:
APDSI – 68 países estiveram representados em Portugal nesse ano. Como foi gerir tantos alunos em Portugal? Que apoios houve?
Fernanda Pedro – Estava a tentar aceder ao site do evento que estava alojado em www.missao-si.mct.pt mas já não está acessível, donde muita da informação se perdeu! A gestão dos alunos não foi complicada pois cada equipa tem sempre um team leader que é a ligação à organização. A logística da organização, essa sim criou desafios, desde os alojamentos (Tróia), os transportes (de e para Setúbal, Aeroporto e visitas – EXPO e Évora), a alimentação e as atividades extra-competição. Os apoios encontram-se no folheto abaixo. Assim não há esquecimento de algum.
APDSI – Qual foi a parte mais interessante de estar na organização das Olimpíadas?
Fernanda Pedro – A vivência de 68 nacionalidades, cada qual com sua especificidade. As noites mal dormidas (trabalho e divertimento), os amigos que se fizeram, os desafios que se superaram – algo que todos guardam na memória.
APDSI – Nesse ano houve portugueses a concorrer?
Fernanda Pedro – Sim, 4 alunos. Os nomes e classificação ao longo dos anos pode ser encontrada aqui. Nenhum foi medalhado.
APDSI – Em 98 ganhar as Olimpíadas Internacionais da Informática tinha mais ou menos impacto que hoje?
Fernanda Pedro – Penso que equivalente. É uma questão de prestígio se bem que alguns países levem muito a sério o resultado.
APDSI – Quais eram os grandes desafios, na altura, para os alunos resolverem?
Fernanda Pedro – Três problemas em cada dia de competição, a serem resolvidos em C ou Pascal. Em 2016 já estamos no mundo Java.
APDSI – Recorda-se se tinham algum tipo de estímulo por parte das escolas?
Fernanda Pedro – Em algumas escolas, sim. A FDTI na altura também divulgava o evento.
APDSI – Seguiu o rasto dos vencedores da edição de 1998? Onde estão hoje?
Fernanda Pedro – Seguir não! Mas alguns deles são fáceis de localizar, como por exemplo, o Prof. Pedro Ribeiro que já participou 15 vezes na competição, quer como aluno, quer como professor.
APDSI – Acha que as Olimpíadas da Informática são valorizadas e reconhecidas em Portugal?
Fernanda Pedro – Não. Penso que passam completamente despercebidas e continuam a ser a carolice de alguns. As da Química e de Matemática têm maior divulgação. Mas os Prof. Pedro Guerreiro e Pedro Ribeiro poderão dar uma informação mais assertiva sobre este tema.
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