Gonçalo Paredes é o jovem português que conquistou o terceiro lugar nas Olimpíadas Internacionais de Informática, em Kazan, na Rússia.
Esta é já a sexta medalha de bronze conquistada por Portugal nesta competição mundial que, em Portugal, é organizada pela APDSI. A Associação recebeu, este ano, as felicitações por parte do Ministério da Educação.
Foram, também, galardoados os estudantes Henrique Navas, Duarte Nascimento e Guilherme Penedo que lutaram pela melhor classificação de Portugal nesta competição, tendo-lhes sido entregues prémios relativos ao Concurso Ibero-Americano de Informática por Correspondência. Nesta prova, os estudantes portugueses conquistaram três medalhas de prata e duas medalhas de bronze.
Depois da vitória, Gonçalo Paredes aceitou partilhar a experiência que teve com a APDSI.
Que impacto está a ter na tua vida a medalha de bronze conquistada nas Olimpíadas Internacionais de Informática?
Foi um objetivo realizado e foi bom ver as notícias e a mencionar. Deu alguma motivação para começar a universidade neste ano, mas agora tenho novos objetivos que espero também alcançar.
Como reagiu a tua família e amigos quando souberam do teu feito?
Recebi mensagens de parabéns de muita gente, mas como não foi a primeira vez que alguém na família fez algo assim não houve tanta surpresa.
Qual a melhor memória que guardas de Kazan, na Rússia, e da competição em particular?
Além da prova e da entrega das medalhas, gostei particularmente de um passeio à noite pela cidade na companhia do líder e alguns colegas em que tivemos outra perspetiva do sítio onde estávamos a ficar.
Achas que as Olimpíadas Nacionais da Informática são importantes? Onde poderiam melhorar?
São importantes para a divulgação, promoção da informática e para encorajar alunos de secundário a aprenderem algoritmos e estimular o raciocínio. Há muito a melhorar, mas infelizmente é preciso mais pessoas e financiamento. Espero que esta medalha, as noticias que saíram e a minha ajuda, para o ano possam melhorar no que for preciso.
O que dirias aos teus colegas que têm vontade de participar? Como se podem preparar?
Se tiverem interesse, pesquisem, e experimentem que pode ser que seja algo que gostem e queiram explorar. Para treinar há muitas plataformas, e muitos problemas para resolver tanto das olimpíadas nacionais como de outros países ou até das olimpíadas internacionais, mas podem sempre pedir ajuda a alguém responsável através do mail e obteriam dicas.
Na informática, qual a tua área preferida que gostarias de vir a aprofundar?
Tenho algum interesse nalgumas áreas relacionadas com matemática, mas neste momento gostaria de aprofundar mais o meu conhecimento de grafos.
Estás quase a entrar na faculdade. Qual a empresa ou entidade onde gostarias de vir a trabalhar?
Se viesse a trabalhar numa empresa, gostaria que fosse uma com um vasto leque de áreas a explorar, como a google, onde conseguisse trabalhar no que gosto mais apesar de estar limitado pelas necessidades da empresa.
Pedro Ribeiro, o Team Leader da equipa portuguesa que foi à Rússia, professor no DCC-FCUP Universidade do Porto, também partilhou connosco a sua experiência não só deste ano, mas de todos os outros em que tem acompanhado as comitivas lusas nas suas participações informáticas além-fronteiras.
Qual a importância de ter recebido felicitações por parte do Ministério da Educação?
É sempre agradável receber felicitações oficiais, sendo que felizmente não foi a primeira vez que tal aconteceu. De um ponto de vista mediático são certamente importantes e contribuem para uma maior divulgação das Olimpíadas. De um ponto de vista mais prático, é importante que o Ministério apoie as Olimpíadas não apenas quando os bons resultados aparecem, mas também em fases mais iniciais quando se procura divulgar e preparar os alunos.
Em que medida as Olimpíadas Nacionais da Informática são importantes no programa educativo/escolar?
As Olimpíadas Científicas no geral, e não apenas as de Informática, surgem como um veículo importante de divulgação e promoção da disciplina em causa, com especial ênfase na captação de jovens talentos. No caso de Informática são ainda mais importantes, pois ao contrário de outras Olimpíadas (ex: Matemática e Física) surgem num tema que não é de todo coberto no atual programa escolar, pelo que vêm ajudar a cobrir essa lacuna. A grande maioria dos alunos de topo nas Olimpíadas Nacionais de Informática vem de formações mais gerais onde nem sequer têm aulas de programação ou algoritmia, sendo alunos que aprendem autonomamente e que por isso têm com as Olimpíadas a primeira exposição mais estruturada ao mundo da Ciência de Computadores, bem como a ligação a uma comunidade pequena mas apaixonada por este mundo.
Quanto tempo demora a preparação de um aluno?
Não é fácil quantificar o tempo de forma objetiva. Não será fruto do acaso que quatro das cinco mais recentes medalhas de Portugal nas Olimpíadas Internacionais (2009, 2010, 2012 e 2016) vieram por alunos que já repetiam a presença na comitiva portuguesa, ou seja, alunos que já tinham sido começado a preparação no ano anterior. Se olharmos para o contexto internacional, e não apenas o português, vemos que este teor se mantém e no geral os alunos com mais sucesso já estão no mundo da programação competitiva há vários anos, participando regularmente em concursos que se vão organizando um pouco por todo o mundo. Uma medalha representa, portanto, um esforço considerável que tem repercussões positivas no desenvolvimento das capacidades do aluno em causa, sendo que o feedback dos alunos que têm representado Portugal tem sido muito positivo, indicando que essa experiência lhes foi muito útil a nível pessoal, académico e profissional.
Há quantos anos participa e que balanço faz dessas provas?
Este é já o meu 20.º ano com envolvimento nas Olimpíadas Nacionais de Informática, e o 16.º ano onde fiz parte da comitiva portuguesa nas Olimpíadas Internacionais (IOI). Entre 1995 e 1998 participei como concorrente (2º lugar nacional em 95 no meu 9.º ano, e 1.º lugar nacional em 96, 97 e 98), tendo representado Portugal nas Olimpíadas Internacionais nesses quatro anos. A partir de 2001 comecei a estar envolvido na preparação dos alunos e na criação de problemas. De 2005 a 2008 fui vice-líder da comitiva portuguesa nas IOI e desde 2009 que tenho sido o líder português nas IOI. O balanço é muito positivo e as Olimpíadas são uma parte integrante e indissociável da minha vida, sendo (também) graças a elas que tive a certeza que queria fazer carreira profissional na área. Em termos sociais, são inúmeros os amigos que fiz e como organizador quero poder passar um pouco desta minha paixão pela Ciência de Computadores e fomentar o gosto pela programação e pelo desenho de algoritmos.
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