Elvira Fortunato, investigadora e professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, conhecida por ter vencido o primeiro prémio na área de Engenharia do European Research Council (ERC), foi a convidada da tertúlia de quarta-feira.
Portugal é inovador nas tecnologias amigas do ambiente. Esta foi a principal conclusão deixada por Elvira Fortunato, investigadora e professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Nova de Lisboa, na passada quarta-feira, 16 de Fevereiro de 2011, na tertúlia informal “à volta de um copo”, organizada pela APDSI.
Elvira Fortunato e a sua equipa de cientistas do Centro de Investigação de Materiais (Cenimat) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, foram pioneiros ao inventar transístores com uma camada de papel, tão competitivos como os melhores transístores baseados em óxidos semicondutores. «Estamos a ser bombardeados com propostas, algo que no passado não acontecia. No fundo somos pioneiros, e já registámos a patente, do paper-e (green electronics for the future), ou seja, neste caso é o papel que tem a função dos tablets» explica a professora.
A celulose é o principal biopolímero existente no planeta e a indústria electrónica está a investir cada vez mais no desenvolvimento de dispositivos com biopolímeros, devido ao seu baixo custo. Têm sido feitos alguns estudos a nível internacional sobre a utilização do papel como suporte físico de componentes electrónicos mas é a primeira vez que se utiliza papel como parte integrante de um transístor.
Em termos práticos, o transístor de papel, poderá vir a ser aplicado na área da electrónica descartável, tal como cartões e etiquetas em embalagens inteligentes, ecrãs de papel, chips de identificação e em aplicações médicas. A produção em larga escala será facilitada pelo baixo custo do papel no mercado mundial.
Os transístores e circuitos transparentes abrem, também, uma série de portas no mercado automóvel e a Fiat vai apresentar resultados desta tecnologia em breve: «Os próximos carros irão ter os mostradores ao nível da visão do condutor e ter tudo implantado no vidro da frente», disse Elvira Fortunato, aludindo aos recentes contactos que têm tido por parte de empresas. «Temos contrato com o Instituto de Telecomunicações Coreano, com a Samsung estamos a desenvolver uma nova geração de televisores, com a CUF estamos a trabalhar para os nanomateriais, com a Saint-Gobain, para os vidros do futuro, e com a Revigrés, para as células fotovoltáicas em azulejos» revelou a professora.
Estes transístores não são de silício, o que na prática significa que utilizam óxidos muito baratos (usados, por exemplo, na composição dos cremes cicatrizantes e bronzeadores), processados à temperatura ambiente, não poluentes, ao mesmo tempo que têm um desempenho eléctrico superior ao de silício, como referiu a investigadora premiada: «Uma das grandes revoluções que fizemos foi na área dos displays, dos ecrãs. A patente que temos com a Samsung é a de fazer estes transístores à temperatura ambiente, o que nos permite colocar no reactor uma folha de papel, que não se degrada. Aquilo que fazemos é como uma fotocópia, é imprimir dos dois lados».
Quando questionada sobre a possibilidade de virmos a ter processadores só em papel, Elvira Fortunato respondeu que a intenção desta descoberta não é essa: «Os nossos transístores abrem portas para novas aplicações onde o silício é proibido. Em termos de processadores estes não são vantajosos; neste caso os de silício são muito bons».
A equipa de investigadores descobriu, também, uma forma de guardar a informação em papel (memória de papel), por mais de um ano, para alem de ler e apagar a informação selectivamente.
Promover o debate e a troca de ideias sobre temas da sociedade da informação, num ambiente informal e descontraído, era outro dos objectivos da APDSI que pretende, deste modo, atrair mais jovens para o seio da Associação.
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